terça-feira, 10 de abril de 2007

Turismo na ilha


Antigamente, aqui na ilha de Florianópolis, quando minha avó queria exprimir o impossível, quando ela queria dizer que a idéia de alguém era descabida, ilógica, desvairada, insana, ela perguntava ao seu interlocutor: “Escuta aqui, tu queres colocar a Catedral dentro da São Francisco?”
São Francisco, para quem não sabe, é uma igreja pequenina comparada à Catedral.

Para os habitantes de Florianópolis, o turismo não representa apenas uma fonte de renda.
Ele é motivo também de muitos problemas, como o aumento do custo de vida, a degradação do meio-ambiente, o aumento da produção de lixo, a falta de água à população, o congestionamento de trânsito de pessoas e de veículos em todas as vias da cidade.
Cidade, para quem não sabe, é o local onde habita o cidadão, ser que tem direitos e deveres, mas que quase sempre os desconhece.

Quando o verão se aproxima, os hotéis, as empresas de turismo e os restaurantes ocupam grande destaque na mídia local.
As páginas dos jornais ficam bagunçadas com inúmeros anúncios que não combinam na forma, na cor, no tamanho e nos preços.
A bagunça dos anúncios também faz turismo, pois migra subitamente das manchetes aos lares, resultando em novos problemas às inúmeras famílias que não estão ligadas ao turismo, às redes de hotéis e à gastronomia.
Mas os problemas internos da população não estão na mídia.
Mídia, para quem não sabe, é um meio de formar e deformar realidades.
O turismo, na nossa cidade, precisa levar em conta não apenas o bem-estar dos turistas, mas sobretudo o bem-estar dos moradores!


Também a geografia da cidade deveria ser respeitada, pois uma ilha de beleza exuberante como a nossa deveria ser preservada, tombada como patrimônio cultural, ao invés de ser explorada pela iniqüidade do turismo predatório!!! Predatório, para quem não sabe, é fazer do meio-ambiente um ambiente inteiro de desordem e caos.

Aliada à preservação da ilha que habitamos e ao tombamento de suas belezas naturais, dever-se-ia frear também o setor imobiliário e impedir crimes ambientais como ocorreram na Praia Brava, no Costão do Santinho e no Shopping Iguatemi.
Uma ilha precisa controlar o seu turismo, sob pena de perdê-lo!

Será que as (des)autoridades locais ainda não entenderam que não dá pra colocar a Catedral dentro da São Francisco?

Conclamo aos florianopolitanos a discutirem o turismo na ilha, mesmo porque, turismo, na ilha de Florianópolis, para quem não sabe, é uma festa de crimes, burrice, conivência e descaso!

Charles Silva

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