domingo, 22 de julho de 2007

Seis horas.
Ela já vem vaidosa.
De corpete, liga e lingerie
A noite é uma fêmea impecável.
Sombra e rímel realçam a malícia.
As unhas compridas aguardam o descuido das presas.
São fantasmas que, como eu, percorrem os becos em busca de gozo fácil.
Sete e meia.
O amendoim salgado alegra o gosto adocicado da cerveja.
Mulheres passam tingindo pêlos, passos, pensamentos.
O que há em mim de fantasma não se apressa.
O blefe da noite é comprido.
Os jogos noturnos implicam em baralhos sutis.
São lances de olhares, coringas febris e damas que trocam seus pares.

Oito e quarenta e sete.
Um fantasma perambula pelas ruas da cidade.
O mistério dessas margens é fazer dos habitantes uma ilha.
Por não saber nadar, fico preso, seco e viro pó.

Dez gramas e meio.
Agora, o copo é de uísque.
Novos fantasmas sorriem pra mim.
Desenvolvo argumentos fantásticos que nunca usei.
Pensá-los assim, tão vivos, alegres, arregalados, assusta.
Da janela, uma mulher astuta me deseja.
Ou deseja apenas o que a língua acusa.
Um ácido e meio.
A ilha inteira flutua.
Surfistas abotoam o vestido das ondas.
Por que meus pais não me contaram essa história?
Bang jumpo-me do mundo!
Duas torradas com pasta de cogumelo.
Tudo são garçons e cadeiras.
Corro e caio e exponho os ossos.
Ergo-me Lobato, Cobra Norato, Aladim.
Os ladrões de Ali Babá já somam dezesseis Bentos.
Coelho é outro Paulo de bosta!
Alice já foi ao banheiro.
Bovary, ao convento.


Cinco ecstasys e meio da madrugada.
Pouca ilha...muita água.

(Charles Silva)





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