sábado, 3 de novembro de 2007

Gotas coloridas

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Era uma vez um planeta de montanhas vivas e águas que corriam eternamente, por pequenos canais, sem nunca desaguar em lugar algum. Corriam apenas.
Em suas incontáveis nascentes, a terra esculpia, com capricho, cada gota. Assim, com delicadeza e cuidado, nasciam gotas grandes, gotas pequenas, gotas achatadas, gotas ovóides e gotas disformes. E cada gota trazia na pele líquida uma cor diferente.

Desde o primeiro momento em que essas gotas prematuras deslizavam por trilhas líquidas, desviando-se dos obstáculos, seus corpos se tocavam, desencadeando lindas imagens no ponto justo do contato. Havia gotas que não gostavam das imagens que as outras lhes deixavam, por isso preferiam se afastar da trilha líquida. Essas gotas, isoladas, duravam pouco, pois evaporavam na solidão, subindo aos céus puras e tristes como todo anjo empoleirado numa macieira celestial, educado para não salivar.

Mas havia gotas que gostavam tanto de trocar imagens que acabavam se fundindo. E dessa fusão nasciam pequenos riachos, que junto com muitos outros formavam um grande rio colorido. Nos dias ensolarados, era possível ver o espetáculo dessas águas coloridas sulcando o planeta das montanhas vivas.

Como o planeta das montanhas vivas não tinha planície, o grande rio colorido não formava lago nem oceano. Ele escorria para os satélites movediços que giravam alinhados por sua órbita. Esses satélites tinham forma de grandes conchas e ao girarem devolviam as águas coloridas do rio no alto das montanhas. As águas coloridas penetravam as pequenas fissuras das rochas situadas nas montanhas mais altas do planeta. E então, a terra voltava a esculpir, gota a gota, o destino das águas.

Charles Silva

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